quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

UM MUNDO DE SILÊNCIO E IMOBILIDADE

Imediatamente após a Educação Infantil a criança de seis anos é “parafusada” numa cadeira dura
para estudar palavratório durante horas e horas.
Será, por acaso que a criança em desenvolvimento, essa força da natureza, essa exploradora
aventurosa, é mantida imóvel, petrificada, confinada, reduzida à contemplação das paredes,
enquanto o sol brilha lá fora, obrigada a prender a bexiga e os intestinos quatro horas por dia,
exceto alguns minutos de recreio, durante sete anos ou mais? Haverá maneira melhor de
aprender a submissão? Isso penetra pelos músculos, sentidos, tripas, nervos e neurônios. Tratase
de uma verdadeira lição de totalitarismo. A posição sentada é reconhecidamente nefasta para a
postura e para a circulação, no entanto eis nosso homem ocidental com problemas na coluna, as
veias esclerosadas, os pulmões retraídos, hemorróidas e nádegas achatadas... faz um século que
vemos as crianças arrastando os pés embaixo das carteiras, entortando o corpo e pulando como
rãs quando a sineta bate (sem falar nos 20% de escolioses). Esse tipo de manifestação é
atribuído a turbulência infantil, nunca à imobilidade insuportável imposta às crianças – a culpa é
sempre da própria vítima. Não é um acaso, é um plano. Um plano desconhecido para os que os
cumprem. Trata-se de domar. Domesticar fisicamente essa máquina fantástica de desejos e
prazeres que é a criança.

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