A transformação do milho em pipoca macia, é símbolo da grande transformação pela qual devem passar as pessoas para que venham a ser cada vez melhores.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho, para sempre. Assim acontece com a gente, as grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só elas não percebem, acham que sua maneira de ser é melhor. Mas quando chega o fogo, isto é, quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos, como: perder um amor, ficar doente, perder o emprego... então elas percebem que não estão preparadas para a vida. Mas o fogo também pode vir de dentro de nós: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimento, cujas causas são muitas vezes ignoradas.
Há sempre um remédio. Apagar o fogo. Sem fogo, o sofrimento diminui, e com isso a possibilidade da grande transformação. Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, ficando cada vez mais quente, pense que a sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, não pode imaginar o que ela é capaz. Não imagina a transformação que vai acontecer. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente que ela mesma nunca havia sonhado.
Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. Podemos compará-lo às pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar.
Sua presunção e o medo, formam uma dura casca que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não serão transformadas na flor branca e macia, não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam apenas os “piruás” que não servem para nada.
(Adaptação – Rubem Alves)
terça-feira, 1 de abril de 2008
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